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Papo Reto -

Papo Reto

Excesso de vida digital

Excesso de vida digital
03/07/2014
Como a conectividade tem afetado o nosso comportamento e a forma de se relacionar com as pessoas

Fale comigo no whatsapp neste momento. Existe uma grande possibilidade do status aparecer online ou visto há 10 minutos atrás. O acesso a internet em todo lugar e a "estratégia" dos aplicativos sociais atrapalham a nossa vida social em uma proposta nenhum pouco maliciosa.

Usamos as redes sociais para manter contato, conhecer pessoas,  namorar ou para negócios. Passamos muito tempo conectado. O mundo online não consegue suprir as necessidades afetivas mais profundas dos indivíduos. As redes sociais assim como qualquer tecnologia é neutra. Pode ser bom ou ruim dependendo do que fazemos com elas. Infelizmente, nem todo mundo sabe usar a seu favor.

O americano Robert Weiss escreve lá na década de 70 sobre os tipos de solidão. Segundo o sociólogo, a solidão emocional é o sentimento de vazio e inquietação causado pela falta de relacionamentos profundos. A solidão social é um sentimento de tédio e marginalidade causado pela falta de amizades ou de um sentimento de pertencer a uma comunidade. Vários estudos comprovam que a comunicação online reduz a solidão social, mas aumenta significamente a solidão emocial. Por isso não estranhe conversar comigo no whatsapp e ao mesmo tempo andar da conversa eu chegar em sua casa, para continuar aquele velho papo que começamos pelo smartphone.

Temos novos padrões de comportamento, até então desconhecidos, chegando perto de males psiquiátricos. Numa pizzaria depois do culto, podemos notar o uso de smartphone cada vez mais frequente e em muitos casos substituem o contato pessoal. Esse "refúgio" procurado nessa comunicação se resume a busca de novas informações com pouco ganho produtivo. A web é a terra do imediato. Estamos à procura do novo. Essa procura é explicada psicologicamente pela liberação de um hormônio chamado dopamina, que libera prazer relacionado à busca de novidades, juntificando a necessidade de se manter conectado e o tempo gasto nas redes sociais pela busca do novo.

Se você sair do papo da mesa para olhar o celular, quando você voltar, não vai ser tão simples de retornar o foco. Se você mantiver a atenção a noite toda no papo presente, a qualidade da sua interação vai ser muito melhor. É igual fazer um trabalho que exija concentração: se você ficar toda hora sendo interrompido, não vai conseguir fazer ou vai sair muito ruim. No papo cara-a-cara, não vai existir ensaio como em mensagens de texto, nós vamos ter que lidar com o que a vida que nos apresenta ali, na hora. Se ficarmos toda hora recorrendo ao celular, vamos acabar criando o vício de fugir de certas situações que podem ser contornadas com pouco mais de destreza, e não vamos nos aprofundar tanto nas nossas relações.

O primeiro problema a ser resolvido é o excesso de notificações. Se você for aceitando tudo que o aplicativo diz (geralmente só confirmamos o avançar nas instalações dos aplicativos), a todo momento receberá um toque dizendo que alguém curtiu sua foto no Instagram, comentou seu status no facebook, favoritou seu tweet, gostou do seu vídeo no YouTube ou falou no whatsapp.

O segundo problema a ser resolvido é o envolvimento em discussões nada relevante. Quando a gente discute online se perde muito detalhe do discurso. A gente escreve menos do que fala, até porque as ferramentas não privilegiam grandes textos. A ironia, em contextos de confiança, sejam na internet ou presencial, pode ser bem divertida. Quando não há confiança ou as pessoas se conhecem menos, facilmente é interpretada como agressão ou escárnio. Temos uma dificuldade de enxergar o outro de uma maneira geral.

Eu tô tentando e quero que você também consiga largar essa vida.



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